21 anos, auge da juventude, sensação de liberdade, morando sozinho, longe dos pais. Época de faculdade. De viver intensamente, e descobrir novos prazeres.
Sempre fui muito comportado, nascido numa família de crentes evangélicos, sempre determinado na vida. Sempre falei pra mim mesmo e me orgulhava de dizer aos outros como eu não era facilmente influenciável.
Todo mundo diz que quando se entra na faculdade, as pessoas começam a tomar sua liberdade mais do que nunca. Ironicamente eu esperava por isso quando entrei na faculdade não encontrei. Estava cansado de ser muito certinho, seguir a linha, e esperava algo mais divertido, surpreendente, mudasse meus olhos da vida. Mas não, o curso que entrei tinhas pessoas do meu nível, comportadinhas e até meio monotonas. Eu que sempre fui o calado, reservado, estava chamando pra sair mais do que os outros.
Finalmente, alguma turma da faculdade realiza uma festa, regada de bebida, caipirinha. Foi ali que eu coloquei na cabeça que deveria sentir o prazer do alcool na cabeça. Numa roda de amigos, provei o sabor da falta de sensura. Provei que meu cérebro não é tão forte assim pra resistir um agente externo. Mas e daí, foi legal passar algumas horas rindo com os amigos.
Mas alcool nunca foi minha praia mesmo. Gosto amargo, e ter que fazer careta pra tomar? Não gostei muito.
Preferi algo mais suave e mais da paz, e até cheiroso pra falar a verdade. A natural essência da erva, Maconha.
Calma! Maconha que por muito tempo foi alvo de perseguição como sendo uma droga altamente prejudicial, nem é tanto assim, até certo ponto. E eu também não fui inconsequente de provar sem estudar a erva. Depois de alguns documentários assistidos, falando sobre a real Maconha. Decidi que eu deveria provar.
Nem um amigo me levou pra esse mal caminho. Eu mesmo busquei. Fui atrás de um amigo usuário, que me vendeu alguns baseados de maconha do solto (a erva em seu estado puro, natural). Levei para casa e fumei ao lado de alguns amigos. Fui sentir o efeito depois de uns 10 minutos, e também passei por um "momento de negação", o mesmo do alcool, que é quando não se admite que está sob efeito.
Mas não demorou para eu me dar conta que estava sob o efeito da maconha. Ria facilmente das coisas. Uma paz de espirito fascinante. Ver as coisas mais lentas, os sentidos do corpo mais intensos, preguiça de andar e de pensar. Esquecer das coisas que ia dizer e rir por causa disso. O primeiro dia de maconha foi interessante. Com cara de diversão e relaxamento. Eu estava satisfeito com o efeito. Era mais ou menos o que eu esperava encontrar.
Passou-se uma semana e eu estava com vontade de dar mais umas tragadas. Não por vício. Até porque muitos vícios são psicológicos. Se vicia em coisas boas. E a maconha era boa, e eu não estava em dependência, apenas queria relaxar de novo.
Mas maconha está difícil de comprar. Estava mais difícil do que da primeira vez. A erva natural, do "solto" (porque sua aparência e matinhos verdes e espalhados, "soltinhos" por isso "solto") é mais difícil de encontrar. Mais fácil era encontrar do "prensado" (a maconha prensada é a mais vista por ai. Chamada assim porque sua aparência é mesmo prensada. Vem no formato de um tablete, igual aqueles que aparecem em programas policiais, e coloca-se Amônia para intensificar o efeito. O cheiro não é tão bom quanto o "solto". Tem cheiro de madeira e sua cor é marrom).
E eu queria dar um trago no "solto", mas só tinha do "prensado". Eu tinha preconceito do prensado, por ser a erva modificada, e tudo que eu tinha ouvido falar de bom da maconha, era de seu estado natural, e não com adicionais. Mas resolvi comprar. Pensei: "Se todo mundo fuma, qual é o problema?"
Levei para casa, e junto com outros amigos comecei a fumar. Nesse dia, cada um preparou o seu próprio baseado de prensado. Não precisou cada um ficar "passando a bola" já que cada um tinha o seu. Eu já havia experimentado o "efeito fraco" e queria dar uma pegada mais forte! Então puxei com vontade. Prendi o ar como quem são quisesse soltar. E puxava rápido, com medo de acabar o baseado logo.
Meu amigo já estava muito doidão. E eu novamente demorei um pouco para sentir o efeito. Mas então começou. Rindo de tudo. Colocamos uma música para curtir o momento e eu comecei a dançar no ritmo da música. Estava tudo muito feliz e alegre. Quando de repente eu pensei em uma coisa triste. Bateu uma baixo auto-estima na hora de algum evento passado em minha vida. O que pra minha surpresa, aquela emoção de tristeza começou a se intensificar no meu rosto. Meus lábios caídos não queriam se levantar. É como se eu não conseguisse desfaçar que estava triste. A droga não estava só intensificando meus sentidos como também intensificou minhas emoções.
Eu estava me vendo preso naquela situação de tristeza. Eu tinha pensado em alguma frustração antiga e ela simplesmente se intensificou. Então depois daquele momento eu comecei a pensar que o efeito era mais forte do que eu, e começou bater um sentimento de arrependimento de ter fumado. Mas como eu falei, a droga intensifica a emoção, então um simples arrependimento começou a tomar conta do meu cérebro e não queria sair. Foi quando comecei a me sentir culpado, por estar fazendo aquilo, de não ter dado ouvido a meus pais fanáticos religiosos e sua super-proteção que talvez fizesse sentido. A culpa estava tomando conta do meu corpo, do meu cerebro, e eu simplesmente não conseguia controla-la. Eu que dizia que conseguia controlar minhas emoções, estava simplesmente me sentindo um fraco e inútil diante daquela situação. Naquele momento, minha auto-estima estava abaixo de zero. Em algum momento eu cheguei a pensar que eu estava pensando em um drogado de rua, e novamente aquele pensamento se intensificou na minha cabeça. Estava piorando.
Até que eu pensei: o que acontecem com drogados? Morte! Meu coração começou a bater mais rápido e eu pensava: "Eu não posso pensar nisso, pois simplesmente intensifica minha emoção. Se eu pensar em morte eu vou morrer. Mas o simples fato de eu não querer pensar nisso, já faz eu pensar nisso". Meu coração estava muito acelerado, eu estava suando e tremendo na minha cama. Só pensava: "Como eu sou estupido! Como alguem pode morrer de overdose de maconha.... Eu não posso pensar nisso, se não eu vou realmente morrer! Preciso pensar em alguma coisa boa!". Eu estava desesperado, tentando sair daquilo. Parecia que não ia acabar nunca, mas no fundo eu sabia que era só esperar o tempo passar e que eu precisava me acalmar. Tinha me dado conta que o que eu pensasse no momento, iria se repetir com o efeito. Então eu queria pensar em coisas felizes, mesmo que estava difícil.
Tentei voltar meu pensamento a coisas boas, e engraçado que no momento eu sabia que quando passasse o efeito, eu ia querer relatar isso ao mundo. Alertar as pessoas do perigo. Eu estava me sentindo enganado e traído pela maconha e pelo que eu tinha ouvido falar de bom dela. Me senti idiota por ter provado do prensado, pois é mesmo um adicional que pode transformar da erva natural, uma droga mortal.
Naquele momento, eu só pensava em soluções que me pudessem tirar daquele sufoco, mesmo sendo um desafio, porque o efeito também inclui esquecimento e dificuldade para pensar. Eu fazia um esforço muito grande para tentar pensar em solução. Mas algumas coisas fincaram na minha cabeça que podia ser soluções rápidas para o momento: Tocar! Sentir minha pele, era saber que eu ainda estava ali. Apesar de que meu sentido do tato estava distorcido, era uma ótima sensação tocar meu braço, meu rosto, meu cobertor, por mais que parecesse que eu estava pegando em areia. Era como se eu passasse a mão em meu braço e tivesse "dando tapinhas". É como um rolo de filme, que passa bem rápido na tela, mas esse rolo estava passando bem devagar, como se eu pudesse ver/sentir quadro-a-quadro.
Outra solução que entendi que eu deveria fazer, era Olhar para meu corpo, olhar para as coisas em volta, olhar para meus amigos, e ver que eu não estava sozinho, e ver que eu estava ali. Ver que aquilo que eu sentia no corpo era apenas uma ilusão da mente e dos sentidos. Vi também que se eu conversa-se com meus amigos, eu estaria Ouvindo e Falando, estimulando que que era real naquele momento. Principalmente falando coisas boas, como tentar contar uma coisa engraçada, ou perguntar se queriam ver algum vídeo engraçado no Youtube.
Minha boca estava seca e eu tinha fome (ou a famosa "larica"), por isso outra coisa que me aliviou era beber muita água e comer muito. Me lembro que naquela noite e fui ao banheiro mais de 4 vezes. Só me sentia idiota. Um dos meus amigos comentou que eu estava pálido. E eu só falava com tristeza na cara de que o efeito estava muito intenso. E também falava que aquela droga estava adulterada e que aquele efeito estava errado. Era pra me dar paz de espirito, e não pensamentos trágicos.
Isso tudo aconteceu em uma madrugada. Já estava amanhecendo e o efeito estava reduzindo. Eu estava bastante deprimido com tudo aquilo. Minha auto-estima estava um lixo.
Falei com vergonha ao meu amigo o que eu tinha passado e ele falou que se tratava de uma Bad Trip, que é literalmente Viagem Ruim. Não foi uma "viagem" boa que eu tive. Foi só pensar em uma coisa ruim para todo o efeito bom ser jogado no lixo. Então resolvi fazer esse blog e mostrar ao mundo que a maconha pode causar sim um efeito devastador e pode até levar a morte.
Esse post é feito SIM por uma pessoa real, que está longe de ser alguém politicamente correto e moralista.
Estou contando essa história detalhadamente pois se passou apenas um dia do acontecido. Minha vida mudou bruscamente e eu estou tentando viver com essa situação e com a minha cabeça. Sofri um trauma psicológico muito intenso, e fico ansioso com medo de as pessoas acharem que estou louco.
Meu objetivo aqui não é dizer que fumar maconha é errado. É simplesmente dizer para você ter bastante cuidado na sua escolha, se quer mesmo fazer isso ou não! Escolha certo! Minhas dicas são:
1) NUNCA FUME DO PRENSADO! A maconha é a erva da paz apenas em seu estado natural. Prensado é a mesma droga das outras, é uma droga!
2) NÃO FUME SE VOCÊ ESTÁ TRISTE OU CHATEADO! Fume se você está feliz e quer apenas intensificar essa felicidade. Se você estiver fumando pra esquecer uma coisa ruim, ela só vai intensificar essa coisa ruim, e vai deixar você pirado.
3) EVITE FUMAR SE TIVER BAIXO AUTO-ESTIMA! Comigo aconteceu assim. Eu estava legal, feliz, mas minha auto-estima nunca foi das melhores. Bastou apenas pensar em alguma frustração da minha vida durante o efeito para eu quase ter morrido
4) NÃO FUME MUITO EM POUCO TEMPO! Vai puxar um baseado? Faça isso com calma, devagar, conheça seu limite. Se for a primeira vez, dê no máximo 2 tragadas. Lembre-se: O veneno está na dose!
5) ESTEJA SEMPRE ACOMPANHADO! A maconha é uma erva que sempre foi fumada coletivamente. Para passar o tempo rindo um do outro, mas também para se você tiver uma caída, perceber que não está sozinho. Não seja orgulhoso. Nessa hora é que você mais precisará de companhia.
6) PREFIRA EVITAR!
